Nosso Lar VIII - A CONDUÇÃO AÉREA E O BOSQUE DAS ÁGUAS


          Dado ao meu interesse crescente pêlos processos de alimentação, Lísias convidou:
          _Vamos ao grande reservatório da Colônia. Lá observará interessantes coisas. Verá que a água é quase tudo em nossa estância de transição. Esperemos o AERÓBUS (CARRO AÉREO) que na Terra seria um grande funicular.
          Na minha surpresa, surgiu grande carro, suspenso do solo a uma altura de uns cinco metros mais ou menos e repleto de passageiros.
          Ao descer até nós, à maneira de um elevador terrestre, examinei com atenção. Não era maquina conhecida na Terra. Construída de material muito flexível, tinha enorme comprimento, parecendo ligado a fios invisíveis, em virtude do grande numero de antenas na tolda.
          Mais tarde confirmei minhas suposições, visitando as grandes oficinas de transito e transportes. Aboletados no recinto confortável, seguimos silenciosos. Experimentava a timidez do homem tímido entre desconhecidos. A velocidade era tanta que não via detalhes do percurso. Só depois de quarenta minutos, me convidou Lísias para descer sorridente e calmo.
          Deslumbrou-me o panorama de belezas sublimes.
          O Bosque em floração maravilhosa embalsamava o vento fresco de inebriante perfume. Tudo em prodígios de cores e luzes cariciosas. Entre margens bordadas de grama viçosa esmaltada de azulinas flores, deslizava um rio de grandes proporções. A corrente rolava tranqüila, mas tão cristalina que parecia tonalizada em matiz celeste, em vista dos reflexos do firmamento.
          Estradas largas, cortavam a verdura da paisagem. Plantadas a espaços regulares, árvores frondosas ofereciam sombra amiga à maneira de pousos deliciosos, na claridade do Sol confortador. Bancos de caprichosos formatos, convidavam ao descanso. Estamos no Bosque das águas, disse Lísias, Temos aqui uma das mais belas regiões de "Nosso Lar" Trata-se de um lugar onde os namorados vêm tecer as mais lindas promessas, para as experiências da Terra. Havia ali um edifício de grandes proporções, e Lísias esclareceu:
          _Ali é o grande reservatório da Colônia.
          Todo o volume do rio Azul, é absorvido em caixas imensas de distribuição. A água aqui tem outra densidade. Muito mais tênue, pura, quase fluídica. Na Terra quase ninguém cogita em conhecer a importância da água. Em Nosso Lar, contudo, outros são os conhecimentos. Conhecendo-a mais, sabemos que é o veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Ela aqui é empregada sobretudo como alimento e remédio. O Rio conduz em seu seio nossas qualidades Espirituais. O homem na Terra, compreenderá um dia a importância dessa dadiva e saberá que a água, como fluido criador, absorve em cada lar as características mentais de seus moradores.
          Ela não somente carreia os resíduos dos corpos, mas também as expressões de nossa vida mental. Será nociva em mãos perversas, e útil, nas mãos generosas e, quando em movimento, sua corrente espalhará bênçãos de vida absorvendo amarguras, ódio, e ansiedades dos homens, lavando- lhes a casa material e purificando-lhes a atmosfera íntima.
          Meus olhos fixavam a corrente tranqüila.

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